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Um dia de aula e a minha metamorfose

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  Por Marcos Almeida Saí da minha casa, rua Ferreira Nascimento esquina com a travessa pedra branca, por volta das 6h45, em uma manhã fria do inverno rigoroso de 1978 em Caldas. Vi meu vizinho, amigo e colega de sala, Telmo, que coincidentemente, assina Eduardo como segundo nome, da mesma forma que eu. Sem qualquer combinado, seguimos rumo ao Colégio Estadual Vicente Landi Junior, cuja distância um tanto longa, deveria ser percorrida em 15 minutos. Sabíamos que tanto o Seu Zé Lemes como o Seu Didi eram exigentes quanto ao horário de fechamento do portão. Então, acelerávamos o passo também como forma de aquecimento, enquanto observávamos a geada que cobria os telhados e os carros esquecidos pela avenida Santa Cruz. Vez ou outra, conversávamos assuntos como futebol ou alguma tarefa escolar pendente a ser entregue, para dona Maria Eugênia, professora de geografia ou para dona Ismênia do Dr. Lázaro, de ciências. Entramos para a primeira aula e a nossa professora de português e lite...

Simples, assim: um tempo de qualidade!

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Maria e Benedito Por Marcos Almeida Inicialmente, quero pedir licença para as minhas cunhadas Cleide e Rita Westin, bem como para minha companheira de vida, Milva, para traçar algumas linhas sobre duas pessoas que marcaram nossas maneiras de sentir, pensar e amar: Maria José Dias e Benedito Westin Dias. Dona Maria e suas filhas Seria uma ilusão pensar que o acaso não nos traz aprendizados. Em tempos em que a racionalidade e a ciência têm papel relevante em todas as decisões importantes que são tomadas diariamente, venho refletindo sobre a tenacidade de quem trabalha e quase não descansa, que empreende ou se oferta para quem se dispõem a pagar pelas horas passadas longe dos seus. E em alguma pausa surgem sentimentos verdadeiros, entre pessoas que são amparo e acolhimento, sem perceber as tantas voltas dadas pelo planeta. Entre emoções e afetos, que tento transmitir nessas poucas linhas, recebi de meus pais por adoção. Teka A simplicidade, certamente, foi o que mais impactou no nascedo...

O retrato da romaria

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Por Marcos Almeida Cada vez que vejo um retrato, com tantos parentes perfilados, em ano incerto, ou estimado (a foto anexa provável entre 1956 a 1958), como cada pessoa que, sisudamente, aguardava o comando do retratista para o registro de uma romaria, tento imaginar o antes e o depois da cena eternizada em papel resistente como a luta do povo. Em Aparecida, em frente à Basílica mais antiga, pode ser a primeira pista do que precedera aquela organização de gente trajada com suas melhores roupas, ou alugadas, emprestadas, meninos de calças curtas, posição de sentido, e meninas com vestidos recatados, tal como as matriarcas, que também carregam alguns pequenos e pequenas de colo. Uma criança que acabara de aprender a andar nem percebeu o momento, mas procurou sua mãe ficando de costas. Homens com seus bigodes, predominantemente, e cabelos aparados e devidamente penteados. Um pai apoia sua mão no ombro da filha (emociono). Procuro em cada rosto um “ameaço de sorriso” que dificilmente enc...

Cajarana

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Por Marcos Almeida Visitar a Pedra Branca, no município de Caldas, foi uma forma para que eu criasse um desafio pessoal. Antes disso, cheguei lá pela curiosidade e espírito de aventura quando tinha apenas dezesseis anos, com a companhia sempre enigmática do meu avô José Cândido, também conhecido como "Pau Véio", que afirmava ter perdido as contas das vezes que visitou o topo daquela montanha. Assim, fui para me divertir, passar tempo, escutar a voz de Deus, rezando e agradecendo pelo dom da vida. Pedra Branca - Zé Cândido e sua turma Em 2007 tive a alegria de conhecer um grande capitão da natureza, Juninho Freitas, que morava no sítio Rosa dos Ventos, de propriedade do também amigo Carlos Rodrigues Brandão. Esse jovem, em uma de nossas primeiras conversas, compartilhou algumas de suas inúmeras visitas ao topo da suntuosa pedra. Fiquei impressionado com tamanha disposição. Naquele momento, calculei que já se passaram uns dezoito anos sem fazer o percurso que tanto havia marc...

O trote!

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 Por Marcos Almeida João das Éguas era figura conhecida em Pocinhos do Rio Verde na década de 1970. Lembro dele, mas não em detalhes. Muito pelo que eu ouvia do que os outros falavam, menos do que eu mesmo poderia avaliar. Entretanto, o sentimento ao me recordar dele sempre foi bom. Ele tinha uns potros e éguas que desfilavam pelo pequeno povoado; me encantei uma vez pelo filhote, ao reparar o seu trote curto e um tanto desequilibrado. Dito D’Ambrósio tinha uma fábrica de sabonetes do outro lado do rio e precisávamos contornar pela ponte ou pular o terrível “buracão”. Ele era músico de estupenda qualidade, mas também sonhador e enfrentava um negócio novo. Minha lembrança desse local é que tinha um telefone, daqueles que, para fazer uma ligação, era preciso discar, ou seja, rodar o disco introduzindo o dedo nos números correspondentes. Para ligar para alguém, naquele tempo, apenas três números eram necessários. Uma evolução, porque pouco antes, seria imprescindível contatar uma te...

1984 e um novo grupo de coroinhas em Caldas

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  Por Marcos Almeida “O lugar mais seguro para o navio ficar é no porto. Mas essa não é a finalidade para a qual foi construído. Para um navio bem construído, o mundo é pequeno. ” Içami Tiba Uma das minhas fortes indagações para o meu íntimo, quando adentrava pela juventude, era em quais águas deveria navegar. Na década de 1980, era costume sentirmos mais poderosos ao completar dezoito anos. Talvez, isso nem tenha mudado substancialmente, dependendo do grau do binômio liberdade x disciplina que cada jovem possa ter desenvolvido. Mas, tamanha inquietação que eu tinha me jogou de corpo e alma em trabalhos pastorais da igreja Católica, em Caldas/MG. Participar de grupo de jovens era uma rotina gostosa e de muito aprendizado, certamente porque errei, vez ou outra, pela própria transição da adolescência que não acontece do dia pra noite. Valtinho, Tony, Rodrigo Faria, Cazé, Jean, Geraldinho, Carlão e Rodrigo Gomes. Atrás: Marcos, Pe. Poggetto, Dom Gubiotti, Luciano Pontes, Padr...

Ruas, rios e bolas: o ver-de Pocinhos!

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Por Marcos Eduardo de Almeida (17-11-2015) Bola: a brincadeira mais apaixonante da minha infância e de muitos(as) marmanjos(as) de plantão. Ainda mais pelo fato que passei minha primeira infância em Pocinhos do Rio Verde . E só pisando na terra daquele lugar é possível entender. Se quase tudo está asfaltado atualmente por lá, a rua da minha casa daquele tempo, a rua D'Ambrósio, que fica logo após a ponte ao lado do parque do balneário, ainda é "rua de terra" quando está seca e "rua de barro" quando chove (*). Pelo menos até o ano de 2015. Ainda sinto a poeira e a lama por entre meus dedos dos pés, quando não descalços, rebolavam sobre pequenos chinelos de tiras. Mas, cada passo fazia daquele pequeno paraíso tudo o que não era só para ver, mas sim para viver com visão, audição, tato, olfato e paladar.  Rua D'Ambrósio - Pocinhos - 1972 Senhora (?), Renata, Marcos, Ivete e Vó Sabina Antes de prosseguir com a paixão pela bola, quero enaltecer primeiramente a l...