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Mostrando postagens de agosto, 2025

Trilha e trilho: a última letra!

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Por Marcos Almeida Em muitas conversas que tive na vida, com amigos e até desconhecidos, em alguma viagem de ônibus ou a caminho para a faculdade nos anos 1990, vezes em uma esfera mundana e sem pretensão de aprofundamento, outras em meio a situações que nos encurralam sobre nossas certezas. Poderia ser uma questão que aflorasse uma crise ou uma escuta atenta favorecendo a superação de problemas fantasiosos, com a sintonia que traria uma nova visão para a continuidade da trajetória que, há pouco, foi iniciada. Serra da "Travessia!" Quando comecei a entender a força do diálogo, após as dificuldades enfrentadas na adolescência, como todo ser humano, segundo os especialistas, a complexidade de cada passo que arriscava, um tanto à parte do que antes teria traçado, nasceu pra mim uma nova autoimagem. Seria a oportunidade do olhar de fora, partindo da observação de um certo interlocutor, trazendo um ganho emocional e a conquista a partir de um novo caminho. Pedra Branca - Caldas/...

Demolição precoce

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Por Marcos Almeida Maria Aparecida da Silva e José Cândido da Silva Escrevendo e jogando com as palavras sobre as cenas vívidas na memória, espero não estar sendo arrogante em trazer alguns temas envolvendo os retratos que tenho em minha guarda. Alguns, estão intactos fisicamente e, tantos outros, em arquivos digitais, podendo ter sido capturados originalmente neste formado ou escaneados. Tais objetos de recordação trazem certamente, não só para mim, mas para cada pessoa observadora, algo que toca a emoção. É como um relacionamento passional em que se torna impossível separar o sentimento da realidade, especialmente pela perspectiva que cada ser carrega consigo, inúmeras visões de mundo e valores. Casario da Praça da Matriz - Caldas/MG - 2013 Por incontáveis vezes, me deparei observando detalhes de uma representação estática de um tempo que não volta mais. A saudade invade a alma, na tristeza de algo ou alguém não existir mais ou na alegria de ter vivido emoções fantásticas onde sint...

Além do seu ninho

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Caldas/MG - Casas antigas que não existem mais Por Marcos Almeida Parece ser raro encontrar pessoas flexíveis, com a escuta ativa e coração acolhedor. E há uma complexidade enorme no caos da comunicação assertiva e afetuosa, que podemos comparar com a respiração humana, uma permuta entre o corpo e o ambiente. Podemos dizer, inclusive, de corpo e alma com tudo o que nos cerca. Não é somente a entrada de ar pelas nossas vias aéreas. Inalação, troca gasosa e exalação, assim aprendemos. A maleabilidade e a amabilidade são complementares e também podem ser apreendidas como em um fôlego profundo que nos faz aliviar qualquer dor que tenhamos internalizado. Porém, muitas vezes, somos tomados pela sensação de autossuficiência e, colocando de lado tudo o que recebemos gratuitamente na vida, para impor as nossas certezas e supremacias. Uma discussão pode ser o obstáculo de confirmarmos em nós a subjugação dos que nos questionam. Seriam as nossas narinas que parecem estancar a entrada do oxigê...

Caixa de retratos

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Por Marcos Almeida Desde muito pequeno gostei de ver retratos. Sempre foi uma emoção vasculhar as fotos deixadas numa caixa que ficava bem guardada em algum armário da casa. Para ter acesso, era necessário pedir para um adulto poder acompanhar. Sentar no sofá da sala com alguém querido para observar cada detalhe daquelas lembranças, especialmente pessoas registradas em branco e preto, em cenas inesquecíveis, como as de algumas bodas, de festas, de famílias, turma de catecismo, encontros de amigos, sempre em poses solenes ou descontraídas para cada momento. Isso tudo, de um tempo, século passado, fim do segundo milênio da era cristã. Turma Catequese Caldas (1974) Falando no Mestre, por entre as relíquias de antepassados, surgem algumas lembrancinhas, conhecidas como “santinhos”, amarelados pelo tempo com o cuidado da guarda pelas mães zelosas e piedosas. Dos que mais me recordo, santo Antônio e santa Bárbara, considerados protetores das tragédias da solidão e dos fenômenos da natureza. ...

A limitação "de berço"

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Por Marcos Almeida Minha memória pouco se recorda do local em que fui colocado para ninar bem próximo ao Rio Verde, na casa em que morei em Pocinhos do Rio Verde/MG. Contraditoriamente, a emoção dos afetos e afagos perduram além da mente e se eternizam. A inércia dos dias atuais nos envolve em dicotomias e em debates rasos, por se desejar a imposição do “decerto” em detrimento do acolhimento e da complementariedade. Constatar a “lacração” de quem reivindica “ter um berço” (seria de ouro?) está fadado ao desrespeito e torna-se hilário e distorcido. E quem pode forjar a dileta razão (de estar absolutamente certo, na sua visão) somente ao berço? Júlia e Otávio Pensemos juntos. De início, “copio e colo” do clássico Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, um trecho magnífico que eu havia sublinhado quando cursei história em Machado/MG: “Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar do menino pequeno, ...

ARREUNÍ

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Por Marcos Almeida No último sábado, dia 16 desse mês seco de agosto, ano da graça 2025, em Pocinhos do Rio Verde/MG, fui impactado por um turbilhão de emoções e até agora estou tentando internalizar e amplificar o significado de uma nova palavra que aprendi: arreuní! Pelo menos pra mim, quando vi a divulgação desse evento cultural, realizado no Balneário da nossa querida terrinha, sob a sombra de um antigo e enorme bambuzal, pretensiosamente pensei entender que se tratava de um encontro de artistas “pra mode cantá umas moda”. Sim, foi também. Mas, observando serenamente, as canções, a simbologia daquele “sarau matutino” de três cantadores e musicistas fantásticos, João Arruda, Nádia Campos e o nosso conterrâneo Fernando Guimarães, avancei um pouco mais na minha filosofia apreendida com os pés descalços de uma infância nesse chão que abraça o Rio Verde! Viva, Viva! Os instrumentos, aparentemente tradicionais, foram gestados por mãos artesanais. Um som, ao mesmo tempo cativante e ...

Recordação de uma Festa - Senhora do Patrocínio

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Matriz N. Sra. Patrocínio Por Marcos Almeida Mais uma festa em Caldas/MG neste agosto, mês da assunção de Maria, homenageando-a sob o título de Senhora do Patrocínio. Vivi tantas de perto. Outras, um tanto longe. Mas viver a fé com a Mãe de Jesus não há local nem espaço que nos impede sermos acolhidos. Em algum ano, por ocasião das festividades, por volta das quatro horas da tarde, chegando perto da igreja do Rosário, pude ver de longe uma grande quantidade de pessoas das comunidades rurais e muitos conhecidos dos tempos de juventude. Só de me aproximar da minha gente trouxe-me uma forte emoção com a certeza de estar no lugar certo. O sol do inverno acaba queimando ainda mais e aos poucos ia procurando a sombra da capela para não desanimar da espera. Assim pude me surpreender com o jovem vigário cumprimentando um a um pela praça, sem a preocupação de iniciar a procissão na hora marcada, mas trazendo a amizade de Deus nas suas mãos consagradas que apertavam as dos fiéis. Eu, com os ...

Brincando com a velocidade

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Por Marcos Almeida A década de 1970 marcou muito as crianças e adolescentes da época com o início das transmissões da Fórmula 1, pela TV, com ênfase nos campeonatos conquistados pelo piloto brasileiro Emerson Fittipaldi em 1972 e 1974. Também performava nas pistas, o contemporâneo José Carlos Pace, que marcou a história vencendo o Grande Prêmio do Brasil em 1975, tendo falecido em 1977 em um acidente de avião. Pocinhos do Rio Verde/MG década 1970 Viver a infância, com a possibilidade de “disputar a F1” em cima de um carrinho de rolimã ou mesmo em um velocípede, era o auge da imaginação. Assistíamos desenhos como a Corrida Maluca e Speed Racer. Pilotar era um sonho maior do que jogar em algum time de futebol, onde o Brasil havia assegurado de vez, poucos anos antes, o Tri da Copa do Mundo, e trazendo de vez a Taça Jules Rimet, posteriormente roubada e todo o seu ouro derretido. Tudo isso influenciava uma geração que, mesmo sob a ditadura militar, se acostumava com os pódios dos brasil...

Zé do Correio, um pai extraordinário!

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Por Marcos Almeida Outro dia, sonhei com o meu pai! Ele faleceu em 30 de dezembro de 2008, após um Natal especial em família. E foi como ele queria: de forma rápida. Sem mais nem menos, pediu para minha mãe registrar um jogo na lotérica. "Mega Sena acumulada... quem sabe?" Questão de meia hora ela voltou e... Apesar daquela dor da perda, hoje a recordação do corintiano mais querido de Caldas é muito boa por todos de nossa casa. Também pudera: “Zé do Correio, caboco feio, caiu do arreio, no campo do meio, meio “disgueio”...” era o seu jeito de se apresentar para as pessoas que apareciam em seu caminho. Como deixar uma marca triste após ultrapassar o seu tempo nesta terra? Desde muito cedo aprendi com ele a importância da alegria na vida, pois em muitos momentos enfrentamos, como toda família, situações complicadas tanto na economia como na convivência. Nada que o bom humor não desse conta de tudo isso. Quando ele fazia o seu carinho peculiar de apertar a orelha com os dedos ...